domingo, 12 de julho de 2009


Cheira a sangue. Cheiro nefasto de carne morta, jazida em poça escarlate, brilhante e viscosa, chorada de lágrimas sangrentas, essas que disturbam o zumbido das moscas que esvoaçam por entre tanto festim à Morte ainda fresca. Cheira a morto, odor de carcaça já arquejada por necrófagos a uma refeição sem dignidade, cheira pois deles pouco importam, se não mais indigno fora quem morreu. Eu cheiro a sangue, não desse que pulsa vivo nas veias de uns sortudos, mas sim esse que se derrama despreocupado pelo chão de lama cruenta em sol caliginoso. Cheiro de massacre; ditas horas em fragrâncias sujas de sangue, de aroma infectado dos sentidos nasais como ódio à sanidade, em tremor à luz caliginosa. É de trevas dissentidas este funesto horror, este que traz da carcaça gélida arrepios à pele, ou por medos afligidos aos olhos atónitos de quem ousa fitar o esqueleto corpóreo de alma pestífera. Afiz-me a este cheiro moribundo, este que agora é terra certa, que resta em ouvidos da Morte afeita; esta nova situação, meia concreta agora dita ou desdita fora, ou teria sido o almejo a uma ilusão contrária, sobejo de alento fingido meu.


"time ain't gonna cure you; time don't give a shit. Six kinds of glue won't hold me"

3 comentários:

  1. Por nada em concreto, gostava apenas de saber o teu nome :) Mas se não quiseres dizer tudo bem :|

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  2. wow :o Ok Ana, cada vez me surpreendes mais.. Eu também tenho essa "teoria". Existem muitas pessoas que partiram, que eu desejava nunca saber o nome delas, e hoje, nunca os digo a ninguém.

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